Calciopoli: O esquema que sujou o Campeonato Italiano
O Calciopoli foi o maior escândalo do futebol italiano. Além disso, é um dos casos de corrupção mais marcantes do esporte. Em resumo, investigações descobriram em 2006 um esquema para manipular resultados. O mesmo envolveu cartolas e árbitros. O processo, confuso e corrido, rende até os dias atuais. Ao final, a Juventus recebeu a maior sanção. Por outro lado, outros envolvidos não tiveram a mesma pena. Alguns, inclusive, não foram punidos.
O Começo
A princípio, recebeu o nome de Calciocaos ou Moggiopoli. Tudo começou com uma ação do Ministério Público de Turim em 2005. O processo acabou arquivado, mas teve grande efeito. Documentos foram enviados para a Federação Italiana de Futebol (FIGC). Dessa forma, em maio de 2006, a bomba estourou. Isso antes do fim da temporada da Serie A e a pouco tempo da Copa do Mundo da Alemanha.
A imprensa da Itália divulgou ligações provando a existência de um esquema. Luciano Moggi e Antonio Giraudo, principais diretores da Juventus na época, eram peças chave. Foram pegas conversas deles com os chefes da arbitragem do país. Ou seja, Moggi escolhia quem apitaria os jogos que eram do seu interesse. Vale lembrar que a Juve tinha um grande time. Treinada por Fabio Capello, venceu o Scudetto na edição anterior. Além disso, brigou ponto a ponto pelo título com o Milan.
Dessa forma, o clima ficou ruim na Itália. No meio da bagunça, duas conquistas. Pelos times, a Juventus levantou a taça da liga nacional dentro de campo. Já a seleção foi tetra da Copa do Mundo na Alemanha.
As Investigações
Por conta das primeiras gravações, o procurador federal Stefano Palazzi registrou uma denúncia. Mais provas apareceram com o passar do tempo. Como resultado, indiciaram profissionais da arbitragem, dirigentes, cartolas e clubes. Esses sendo ligados à Juventus ou não. Ao todo, acharam 19 partidas da Serie A 2004/05 suspeitas.
Além de investigar os envolvidos, a força-tarefa chegou nesse número de uma forma simples. A partir de gravações, às vezes explícitas, analisaram os jogos citados. Do mesmo modo, o objetivo foi encontrar algo estranho nas conversas. Outra área da Justiça ficou responsável pelo envolvimento de duas equipes: Reggina e Arezzo. O Arezzo, na época, jogava a segunda divisão.
Outros times da Série A também tiveram pessoas envolvidas. Pegaram os milanistas Adriano Galliani (então diretor da Lega Calcio, responsável pela Serie A) e Leonardo Meani. Também apareceram na lista os donos da Fiorentina (os irmãos Diego e Andrea Della Valle). Por fim, com suspeitas de participar do esquema, o presidente da Lazio, Claudio Lotito.
Consequências Imediatas
Logo de cara pessoas foram desligadas. Entre os nomes, Moggi e Giraudo, peças centrais do esquema. Outros também deixaram seus cargos. Um exemplo foi Pierluigi Pairetto (vice-presidente da comissão de arbitragem da Uefa e chefe de árbitros da Federação Italiana de Futebol – FIGC). Também temos Franco Carraro, presidente da FIGC e Innocenzo Mazzini, um dos vices de Carraro. Fecha o quadro do apito Tullio Lanese, presidente da Associação Italiana de Árbitros – AIA. Por último, Adriano Galliani, citado anteriormente.
Punições e Desfecho
nicialmente, foi proposto rebaixamento e perda de pontos para todos os clubes citados ao longo da história. Ou seja, Juventus, Fiorentina, Reggina, Arrezzo, Milan e Lazio. Apesar disso, nenhuma seguiu com a rigidez desejada. Isso se explica pela pressa em definir e organizar a sequência do calendário do futebol no país.
Dessa forma, a Juventus foi a principal afetada. Decidiu-se pela perda dos títulos de 2004/05 e 2005/06. Não suficiente, caiu para a Serie B e por lá começou com menos nove pontos. Fiorentina, Milan e Lazio seguiram na Serie A, mas todos perderam 30 pontos, além de 15, 8 e 3 pontos respectivamente em 2006/07. Por fim, Reggina (perda de 11 pontos em 2006/07 e multa 100 mil euros) e Arezzo (menos 6 pontos na Serie B 2006-07) também foram punidos.
Portanto, a Internazionale, que terminou em terceiro, herdou o título. Anos mais tarde, a equipe de Milão ficou em evidência na história. Novas conversas, não apresentadas ao processo inicial, surgiram em 2010 divulgados pela defesa de Luciano Moggi. Nelas, Giacinto Facchetti, falecido presidente dos nerazzurri, e Massimo Moratti, dono do clube, aparecem conversando com chefes de arbitragem.
Logo depois isso levou à tentativa de voltar com o processo. Ou seja, um segundo Calciopoli. Porém, não adiantou e seguiram com as decisões. Até hoje, após quase duas décadas, a Juventus ainda busca uma reparação. A Velha Senhora segue contando os títulos de 2004/05 e 2005/06. Enquanto isso, a dúvida sobre a justiça e o futebol na terra da Bota seguem.
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